
Caxambu e Candongueiro ecoam como batidas vivas da história afro-mineira, instrumentos que carregam séculos de resistência e celebração.
No coração de Minas Gerais, esses tambores não são apenas objetos musicais, mas símbolos de uma cultura que sobreviveu à opressão e se reinventou com potência.
Este texto mergulha na essência desses instrumentos, explorando sua origem, papel nas manifestações culturais e relevância em 2025, ano em que a valorização da cultura negra ganha ainda mais espaço.
Por que esses tambores continuam a pulsar tão forte? Vamos descobrir juntos, desvendando histórias, ritmos e significados que conectam passado e presente.
A dança do caxambu, também chamada de jongo em outras regiões, é uma das expressões mais emblemáticas da herança africana no Brasil.
Originária dos povos bantos, trazida por escravizados de Angola e Congo, ela se enraizou no Sudeste, especialmente em Minas.
Os tambores Caxambu e Candongueiro são os protagonistas dessa manifestação, guiando o canto, a dança e o espírito comunitário.
Em 2025, com iniciativas como o programa Afromineiridades do Iepha-MG, esses instrumentos ganham destaque em festivais, oficinas e políticas públicas, reforçando sua importância cultural.
Este artigo é um convite para conhecer esses sons que atravessam gerações.
A Origem dos Tambores: Raízes Africanas em Solo Mineiro
Os tambores Caxambu e Candongueiro nasceram da diáspora banta, carregando ritmos e espiritualidade de Angola e Congo. Escravizados os tocavam em momentos raros de comunhão.
Na senzala, o caxambu era mais que um instrumento; era resistência. Seus toques codificados transmitiam mensagens, organizavam fugas e mantinham viva a identidade cultural.
Em Minas, a dança do caxambu se firmou nas fazendas cafeeiras, especialmente no Vale do Paraíba. Hoje, é patrimônio imaterial, registrado pelo Iphan em 2005.
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A construção artesanal desses tambores reflete saberes ancestrais. O caxambu, maior, tem couro de boi esticado sobre tronco cavado, produzindo sons graves e profundos.
Já o candongueiro, menor, complementa com timbres agudos. Juntos, criam um diálogo rítmico que sustenta a roda de jongo, unindo vozes e corpos.
Em 2025, artesãos como Mestre Zé do Tambor, de Sabará, preservam essa tradição, ensinando jovens a construir tambores com técnicas centenárias.

O Papel dos Tambores na Dança e na Comunidade
Na roda de jongo, Caxambu e Candongueiro são o coração pulsante. O solista puxa o canto, e o coro responde com versos enigmáticos.
A dança exige agilidade. Casais no centro improvisam passos, desafiando-se em coreografias que celebram a vida e a ancestralidade, ao som dos tambores.
Além da música, esses instrumentos conectam gerações. Em comunidades como Chapada do Norte, avós ensinam netos a tocar, perpetuando memórias coletivas.
O caxambu também carrega espiritualidade. Antes da roda, os tambores recebem oferendas, honrando os ancestrais, em um ritual de profundo respeito.
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Em 2025, eventos como a Festa da Cultura Negra em Santana do Caatinga destacam o jongo, reforçando sua relevância em quilombos mineiros.
Oficinas em escolas, como as do Ponto de Cultura Pérola Negra, em Uberlândia, levam o som dos tambores a crianças, promovendo educação antirracista.
Afromineiridades: A Valorização Atual da Cultura Negra
O programa Afromineiridades, lançado pelo Iepha em 2022, é um marco. Ele mapeia e protege manifestações como o jongo, onde Caxambu e Candongueiro brilham.
Segundo o Iepha, 70% das manifestações culturais mineiras têm influência africana, evidenciando a centralidade da cultura negra na identidade do estado.
Festivais em 2025, como o Palmares Canta Conta e Dança, em Brasília, inspiram Minas a ampliar eventos que celebram esses tambores.
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Comunidades quilombolas, como a de Santana do Caatinga, usam o caxambu em festas religiosas, unindo fé católica e ritos africanos em sincretismo vivo.
Políticas públicas, como o Prêmio do Cocar, incentivam mestres jongueiros, garantindo que o conhecimento sobre os tambores passe adiante.
Em Belo Horizonte, o Circuito Liberdade promove exposições e oficinas, conectando o público urbano aos ritmos rurais do Caxambu e Candongueiro.
A Influência dos Tambores no Samba e Além
O jongo, impulsionado por Caxambu e Candongueiro, é considerado um precursor do samba, influenciando ritmos urbanos no início do século XX.
No Carnaval 2025, escolas como o Salgueiro, no Rio, homenageiam o caxambu, trazendo suas batidas para a Sapucaí, em alas coreografadas.
Em Minas, o samba de roda de Diamantina incorpora toques do caxambu, mostrando como esses tambores moldam diferentes expressões musicais.
Artistas contemporâneos, como o grupo Tambor Mineiro, fundem o jongo com jazz e rap, levando o som ancestral a novos públicos.
Gravações recentes, como o álbum “Raízes Vivas” (2024), destacam o candongueiro em arranjos modernos, provando sua versatilidade atemporal.
Shows em espaços como o Palácio das Artes, em BH, amplificam esses instrumentos, conectando a juventude à herança afro-mineira.
Desafios e Futuro: Preservando o Legado
Apesar da valorização, o jongo enfrenta desafios. A intolerância religiosa ameaça rodas em algumas comunidades, exigindo diálogo e respeito cultural.
Mestres envelhecem, e a transmissão oral do conhecimento sobre Caxambu e Candongueiro depende de jovens engajados, como os do grupo Renascer, em Sabará.
A urbanização afasta comunidades rurais dos terreiros, mas iniciativas como o Pontão de Cultura do Jongo, da UFF, fortalecem a rede de preservação.
Em 2025, o governo mineiro planeja ampliar incentivos a pontos de cultura, garantindo recursos para oficinas e eventos com esses tambores.
A tecnologia também ajuda. Vídeos tutoriais e lives, como os do canal “Toques Ancestrais”, ensinam ritmos do caxambu a públicos globais.
Projetos escolares, como o da professora de Palmas (TO), que integra capoeira e jongo, mostram que a educação é chave para o futuro.
A Força Simbólica dos Tambores: Uma Analogia

Imagine um rio que corre por séculos, carregando histórias em suas águas. Assim são Caxambu e Candongueiro, fluindo com a memória afro-mineira.
Cada batida é uma onda que conecta passado e futuro, unindo ancestrais e jovens em um fluxo contínuo de resistência e celebração.
Em 2025, esses tambores não apenas tocam; eles gritam por reconhecimento, desafiando o esquecimento e inspirando novas gerações a dançar.
Exemplos Práticos: Como Vivenciar o Caxambu Hoje
Participe de uma roda de jongo em Sabará, onde Mestre Zé do Tambor ensina ritmos do Caxambu e Candongueiro em oficinas gratuitas.
Visite o Museu Mineiro, em BH, que promove exposições sobre o sincretismo afro-brasileiro, com réplicas de tambores e apresentações ao vivo.
Tabela: Características dos Tambores Caxambu e Candongueiro
Instrumento | Tamanho | Som | Material | Função na Roda |
---|---|---|---|---|
Caxambu | Grande | Grave | Tronco, couro de boi | Base rítmica, liderança |
Candongueiro | Pequeno | Agudo | Tronco, couro de boi | Contraponto, diálogo |
Conclusão: O Pulsar Ininterrupto dos Tambores
Os tambores Caxambu e Candongueiro são mais que instrumentos; são vozes de um povo que resiste, canta e dança contra o apagamento.
Em 2025, com o fortalecimento de políticas culturais e o engajamento de comunidades, esses sons ecoam mais alto, unindo Minas Gerais à sua essência africana.
Seja em terreiros quilombolas, palcos urbanos ou salas de aula, o jongo vive, e seus tambores continuam a narrar histórias de luta e alegria.
Que tal ouvir essas batidas de perto? Junte-se a uma roda, sinta o ritmo e conecte-se a um legado que não para de pulsar.
Dúvidas Frequentes
O que diferencia o caxambu do candongueiro?
O caxambu é maior, com som grave, enquanto o candongueiro, menor, tem timbre agudo, criando um diálogo rítmico.
Onde posso aprender a tocar esses tambores?
Oficinas em Sabará, com Mestre Zé do Tambor, ou no Ponto de Cultura Pérola Negra, em Uberlândia, são ótimas opções.
O jongo é uma dança religiosa?
Não necessariamente. É uma manifestação cultural com elementos espirituais, mas focada na celebração e resistência, não na religião.
Como o caxambu influencia o samba?
Suas batidas rítmicas e a formação em roda inspiraram o samba de roda e o samba urbano, especialmente no Sudeste.
Referência:
Iepha-MG. “Afromineiridades: Valorização da Cultura Negra em Minas Gerais.” 2022.